(à Samuel Macário)
Todos veem a fria estampa
No rosto palhaço - lágrima!
E sob a
maquiagem: quem deveras vê?
F.
BULA:
"I had a friend who was a
clown. When he died, all his friends went to the funeral in one car."
Steven Wright
Steven Wright
Aqui está, Samuel, promessa é dívida, e promessa escrita é poesia! Um poetrix que acredito ser o que seu palhaço íntimo desejava, alguém que pudesse ver sob sua maquiagem (e quem não precisa de alguém que nos veja sob a maquiagem diária?). Meu singelo carinho por suas palavras de incentivo. Abaixo, novamente, o lindo trabalho desse poeta, amigo de letras que pós-inspirou, complementou meus atrevimentos:
O MALABARISTA
Ao lançar meus sonhos Acima
A esperar agarrá-los e lançar de novo,
Vejo-os espatifar em concreto e rima
E quebrar-se como se quebrasse um ovo.
Vejo-os quicar no Asfalto
De cara como quem cai,
Os que dançavam lá no Alto.
Vejo o malabares que vai
E volta pesado em minhas mãos
E segura-los não posso mais,
Passando entre meus braços e os vãos
Da minha Alma fraca demais.
E nos faróis a quem iludia,
Sinto-me mais ludibriado ainda
Pelos meus fracassos de noite e dia.
Vejo então que o número se finda.
(Samuel Macário; In: As Lágrimas do Palhaço. Setembro de 2009)
Um comentário:
Novamente sinto-me lisonjeado por esta participação. Sempre que eu visito este blog percebo o quanto vale a pena estarmos a serviço da literatura. Um blog maravilhoso, poesias de alto nível. Me sinto contente em ler estes versos que além de esteticamente trabalhados são profundamente tocante. Abraços.
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