sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Soterrada

Soterrada

Aterrada em rotina
Sobrepesam aos ombros ruínas:
Escombros de vida - entulhos de si

F.
BULA:
Radiohead
No Surprises

A heart that's full up like a landfill
A job that slowly kills you
Bruises that won't heal

You look so tired and unhappy
Bring down the government
They don't, they don't speak for us
I'll take a quiet life
A handshake of carbon monoxide

No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
Silent, silent

This is my final fit, my final bellyache with

No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises please

Such a pretty house, such a pretty garden

No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises please (let me out of here)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

De Boca Vazia

De Boca Vazia

Famintas as juras: cruas
Promessas sem data em aniversários
Sem cartões - penúria - miguando palavras

F.
BULA:
Soneto de Amor XI

Tenho fome da tua boca.. da tua voz..de teus cabelos..
E pelas ruas vou... sem comer... calado...
Não me sustenta o pão...a aurora me desequilibra...
Busco no dia o som límpido dos teus pés...

Estou faminto de teu riso resvalado..
Das tuas mãos cor de furioso celeiro,
Tenho fome da pálida pedra das tuas unhas,
Quero comer a tua pele como uma intacta amêndoa...

Quero comer o raio queimado em tua beleza,
O nariz soberano  do rosto altivo...
Quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas..

E faminto venho e vou olfateando o crepúsculo..
À tua procura... buscando teu coração ardente...
Como um puma na solidão de Quitratúe....

Pablo Neruda

quarta-feira, 6 de março de 2013

Desabitado ♥

Desabitado 

   Te vais...................... e ..................Leva consigo
   Pra sempre............... o ..................Seu pedaço
   Um vazio............. ..................De mim

F.
BULA:
"O vazio é um meio de transporte
Pra quem tem coração cheio
Cheio de vazios que transbordam
Seus sentidos pelo meio
Meio que circunda o infinito
Tão bonito de tão feio
Feio que ensina e que termina
Começando outro passeio

E lá do outro lado do céu
Alguém derrama num papel
Novos poemas de amor

Amor é o nome que se dá
Quando se percebe o olhar alheio
Alheio a tudo que não for
Aquilo que está dentro do teu seio
Porque seio é o alimento
E ao mesmo tempo a fonte para o desbloqueio
E desbloqueio é quando aquele tal vazio
Se transforma em amor que veio

Lá do outro lado do céu
Alguém derrama num papel
Novos poemas de amor

O vazio é um meio de transporte
Pra quem tem coração cheio"

Cheio de Vazio
Paulinho Moska

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Amor [De] Concreto

Amor [De] Concreto

Sai desse cinza tão concreto
Vem - pra perto - cai dentro!
Vem - pro peito - Porto certo

F.
BULA:
Criolo
Não Existe Amor Em SP

Não existe amor em SP
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro duas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus

[Sim, isso é um convite - o amor é importante, porra]


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Falácia Matemática [1+1=1]

Falácia Matemática [1+1=1]

Qual vida temos
Se a minha tens - e me deste a tua?
Apartados d'alma: nula... juntos - somamos = 1

F.
BULA:
[1+1=1]

Existe a falácia matemática que diz provar que 1+1=1. Mas é falácia [se tiver paciência confira no link: http://mathforum.org/library/drmath/view/57110.html].

Entretanto, "uma vida juntos", "uma vida a dois", não é uma falácia. É a matemática da vida real. A própria expressão, tão corriqueira, nos dá a equação: uma vida a dois - são necessários dois para se fazer uma vida, sendo assim, 2=1, logo 1+1=1

É claro que isso pode ser facilmente desmantelado e ridicularizado matematicamente, é quase como afirmar que 1 laranja + 1 melão = 1 abacaxi. Mas não estamos falando de matemática, laranjas, melões ou abacaxis, estamos falando de amor, oras!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Salvaguarda

Salvaguarda

[S]eparados lançam-se
[O]lhares ao mar: deserto - regresso
[S]em vida - às últimas - esperanças

F.
BULA:
S.O.S
• • • – – – • • •
"dit dit dit dah dah dah dit dit dit"

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Náufrago

Náufrago

Naufragado em deserto
Aperta-me o peito não ter-te perto
Parto - peço: inunda-me com teus excessos

F.
BULA:
...E toda fortaleza é inútil se não há a quem proteger
Assim como meu peito é vazio 
E sem propósito

Sem o rosto 
E a pele cálida 
Ocupando

O vazio
Do deserto 
Que me habita...

Náufrago(a)

1. Indivíduo que naufragou. 
2. Aquele que sofreu ruína. 
3. Infeliz, decadente, arruinado.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Náufraga

Náufraga

Aferra-te ao meu colo
E ancora tuas mãos ao meu peito:
Desafoga em mim este mar que te revoltas

F.
BULA:

...E quando tudo estiver de ponta-cabeça
Quando tudo for redemoinho íntimo
Mar revolto ou feroz ventania, não quebre - a cabeça

Recoste a sua ao meu peito - de tudo esqueça!
Lembre que este sempre será
Seu - e apenas seu - porto seguro... sua fortaleza

Náufrago(a)

1. Indivíduo que naufragou. 
2. Aquele que sofreu ruína. 
3. Infeliz, decadente, arruinado.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Naufrágio [Maldito-Inevitável]

Naufrágio [Maldito-Inevitável]

Um mar em terra os rompe - inunda 
Em pranto o azul daqueles olhos - cega 
Seca a história - ausência e deslembrança 

F.
BULA:
Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Era Uma Vez... [Num País Distante]

Era Uma Vez... [Num País Distante]

Um príncipe - Menino
Sonhava ser - Rei...
A sua Coroa - pesava: e curvou-o em si mesmo...

F.
BULA:

No solar distante
Num país distante
Mora um reizinho
Neto de um gigante
Este reizinho
Louro, delicado
Vai ser meu filho
Teu namorado

[Poema escrito para mim por minha mãe, G., antes de eu nascer]

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Música Fria

Música Fria
(à Arvo Pärt)

Estática... fixa
As cordas ao vento
In memorian

F.
 BULA:
Arvo Pärt

Fria, fixa, estática... 
Podem parecer adjetivos pejorativos, mas não são, não. São os melhores que eu posso encontrar para descrever essa música que vem de um lugar onde o tempo anda muito mais devagar - divaga, desliza - numa lentidão perturbadora. É música que faz sentir o frio do silêncio íntimo que paradoxalmente irrompe em som. 
Não há silêncio absoluto.

Essa é a música - fria - do compositor estoniano Arvo Pärt

Arvo Pärt
Cantus in Memory of Benjamin Britten

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Correspondência

Correspondência

A caixa - vazia... a chamada - perdida
A alma - espera: ela - sempre disposta
A me perder

F.
BULA:
"Escrevo-te estas mal traçadas linhas meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros por favor
Nas frases desta carta que é uma prova de afeição.

Talvez tu não a leias mas quem sabe até darás
Resposta imediata me chamando de "Meu Bem"
Porém o que me importa é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém.

Tanto tempo faz, que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a impressão de que já vi passar
Um ano [e meio] sem te ver, um ano [e meio] sem te amar.

Ao me apaixonar por ti não reparei
Que tu tivesses só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu..."

[Feu]

A Carta
Renato Russo


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Venire, Petrus Romanus

Venire, Petrus Romanus

São Malaquias
De todas deidades é quem tens a fé
Minha - que se cumpra: ruína e profecia!

F.
BULA:
A profecia de São Malaquias

De acordo com as profecias de São Malaquias, Bento XVI será o penúltimo Papa da igreja católica romana. Após Bento XVI o próximo Papa eleito seria Petrus Romanus, o último Papa da igreja católica, segundo a profecia. Sobre o último Papa, São Malaquias diz:

"Na perseguição final à sagrada Igreja Romana reinará Pedro Romano,
que alimentará o seu rebanho entre muitas turbulências,
sendo que então, a cidade das sete colinas (Roma) será destruída
e o formidável juiz julgará o seu povo.
Fim."

Profecia, final apocalíptico, todo mundo sabe o que esperar, né?

Eu fiquei segurando, remoendo escrever algo sobre porque eu gostaria de viver para ver essa profecia se concretizando... mas para que? Para ficar repetindo as atrocidades cometidas por essa instituição? Caça às bruxas, endosso de escravidão, patrocínio de guerras, acordos militares com nazistas, fascistas  acumulo de riquezas as custas da fé inocente, racismo, homofobia, pedofilia... oras, a essas alturas isso são obviedades triviais, ninguém mais se escandaliza
Então não vamos perder nem o meu e nem o seu tempo com isso.

Que chegue logo o "Fim".

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Maleita

Maleita

Podem papel e metal fazerem a desfeita
De unirem o que a carne suspeita
E a alma rejeita?

F.
BULA:
Maleita

Do latim: maledicta. É sinônimo de malária ou sezonismo. A princípio o nome do poema não parece ser dos mais ajustados, mas a maleita se caracteriza por calafrios febre intermitente. Febre, por sua vez, leva ao delírio. Maledicta. Liguem os pontos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

(ossevA oA) aixetaC

(ossevA oA) aixetaC

radna que met opmet o séver eD
icehnoc et oãn euq me aid o étA
rajesed oãn étA

F.
BULA:

Catexia

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Hommage Classique - Ousadias (6)

Hommage Classique - Sonetrix II

[E]fêmera, enalteces o ardor doentio
[Ter]juras incendiar-se nua em sangria
[Na] fervura, em fulgor - desvario

[Fa]leces, intoxicando ao rito:
[Tal] qual Medeia intentou a Teseu
[Mente] a si fatal desfecho ao mito

[E]terna amada, como podes ser
[Fe]liz sendo esbraseante e fria?
[Mera] ilusão de ganhar-me em se perder

[Fa]talmente verás que um dia tive
[Le]al ternura e devoção ao seu
[Ce]go amor que da nossa morte vive

F.
BULA:


Mais um Sonetrix. Hommage Classique faz referência ao tom dos sonetos clássicos, apesar de que jamais teria a coragem de comparar este sonetrix ao mais simplório dos sonetos já escrito. Isto nada mais é do que uma homenagem a grandeza clássica que eu jamais irei alcançar

O esquema formal é similar ao Sonetrix I:

[E]fêmera
[Ter]
[Na]

[Fa]leces
[Tal]
[Mente]

[E]terna
[Fe]
[Mera]

[Fa]talmente
[Le]
[Ce]


Ps: O Sonetrix II é anterior ao Sonetrix I. Nem tudo (ou quase nada) que é publicado segue uma ordem cronológica; antes disso, seguem uma ordem de necessidade.

domingo, 6 de janeiro de 2013

A Pele Que Habito

A Pele Que Habito

Pairo na pele
No colo, no suor dos teus poros
Teu néctar - meu ópio - te imploro

F.
BULA:
A Pele Que Habito

Filme de Almodovar. As semelhanças terminam no título. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

...1!

...1!

Desejo primo: estreitar o laço
E de compasso - a dois
Acertar o passo

F.
BULA:
Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor.

Carlos Drummond De Andrade