quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Amor [De] Concreto

Amor [De] Concreto

Sai desse cinza tão concreto
Vem - pra perto - cai dentro!
Vem - pro peito - Porto certo

F.
BULA:
Criolo
Não Existe Amor Em SP

Não existe amor em SP
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro duas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus

[Sim, isso é um convite - o amor é importante, porra]


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Falácia Matemática [1+1=1]

Falácia Matemática [1+1=1]

Qual vida temos
Se a minha tens - e me deste a tua?
Apartados d'alma: nula... juntos - somamos = 1

F.
BULA:
[1+1=1]

Existe a falácia matemática que diz provar que 1+1=1. Mas é falácia [se tiver paciência confira no link: http://mathforum.org/library/drmath/view/57110.html].

Entretanto, "uma vida juntos", "uma vida a dois", não é uma falácia. É a matemática da vida real. A própria expressão, tão corriqueira, nos dá a equação: uma vida a dois - são necessários dois para se fazer uma vida, sendo assim, 2=1, logo 1+1=1

É claro que isso pode ser facilmente desmantelado e ridicularizado matematicamente, é quase como afirmar que 1 laranja + 1 melão = 1 abacaxi. Mas não estamos falando de matemática, laranjas, melões ou abacaxis, estamos falando de amor, oras!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Salvaguarda

Salvaguarda

[S]eparados lançam-se
[O]lhares ao mar: deserto - regresso
[S]em vida - às últimas - esperanças

F.
BULA:
S.O.S
• • • – – – • • •
"dit dit dit dah dah dah dit dit dit"

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Náufrago

Náufrago

Naufragado em deserto
Aperta-me o peito não ter-te perto
Parto - peço: inunda-me com teus excessos

F.
BULA:
...E toda fortaleza é inútil se não há a quem proteger
Assim como meu peito é vazio 
E sem propósito

Sem o rosto 
E a pele cálida 
Ocupando

O vazio
Do deserto 
Que me habita...

Náufrago(a)

1. Indivíduo que naufragou. 
2. Aquele que sofreu ruína. 
3. Infeliz, decadente, arruinado.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Náufraga

Náufraga

Aferra-te ao meu colo
E ancora tuas mãos ao meu peito:
Desafoga em mim este mar que te revoltas

F.
BULA:

...E quando tudo estiver de ponta-cabeça
Quando tudo for redemoinho íntimo
Mar revolto ou feroz ventania, não quebre - a cabeça

Recoste a sua ao meu peito - de tudo esqueça!
Lembre que este sempre será
Seu - e apenas seu - porto seguro... sua fortaleza

Náufrago(a)

1. Indivíduo que naufragou. 
2. Aquele que sofreu ruína. 
3. Infeliz, decadente, arruinado.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Naufrágio [Maldito-Inevitável]

Naufrágio [Maldito-Inevitável]

Um mar em terra os rompe - inunda 
Em pranto o azul daqueles olhos - cega 
Seca a história - ausência e deslembrança 

F.
BULA:
Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Era Uma Vez... [Num País Distante]

Era Uma Vez... [Num País Distante]

Um príncipe - Menino
Sonhava ser - Rei...
A sua Coroa - pesava: e curvou-o em si mesmo...

F.
BULA:

No solar distante
Num país distante
Mora um reizinho
Neto de um gigante
Este reizinho
Louro, delicado
Vai ser meu filho
Teu namorado

[Poema escrito para mim por minha mãe, G., antes de eu nascer]

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Música Fria

Música Fria
(à Arvo Pärt)

Estática... fixa
As cordas ao vento
In memorian

F.
 BULA:
Arvo Pärt

Fria, fixa, estática... 
Podem parecer adjetivos pejorativos, mas não são, não. São os melhores que eu posso encontrar para descrever essa música que vem de um lugar onde o tempo anda muito mais devagar - divaga, desliza - numa lentidão perturbadora. É música que faz sentir o frio do silêncio íntimo que paradoxalmente irrompe em som. 
Não há silêncio absoluto.

Essa é a música - fria - do compositor estoniano Arvo Pärt

Arvo Pärt
Cantus in Memory of Benjamin Britten

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Correspondência

Correspondência

A caixa - vazia... a chamada - perdida
A alma - espera: ela - sempre disposta
A me perder

F.
BULA:
"Escrevo-te estas mal traçadas linhas meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros por favor
Nas frases desta carta que é uma prova de afeição.

Talvez tu não a leias mas quem sabe até darás
Resposta imediata me chamando de "Meu Bem"
Porém o que me importa é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém.

Tanto tempo faz, que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a impressão de que já vi passar
Um ano [e meio] sem te ver, um ano [e meio] sem te amar.

Ao me apaixonar por ti não reparei
Que tu tivesses só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu..."

[Feu]

A Carta
Renato Russo


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Venire, Petrus Romanus

Venire, Petrus Romanus

São Malaquias
De todas deidades é quem tens a fé
Minha - que se cumpra: ruína e profecia!

F.
BULA:
A profecia de São Malaquias

De acordo com as profecias de São Malaquias, Bento XVI será o penúltimo Papa da igreja católica romana. Após Bento XVI o próximo Papa eleito seria Petrus Romanus, o último Papa da igreja católica, segundo a profecia. Sobre o último Papa, São Malaquias diz:

"Na perseguição final à sagrada Igreja Romana reinará Pedro Romano,
que alimentará o seu rebanho entre muitas turbulências,
sendo que então, a cidade das sete colinas (Roma) será destruída
e o formidável juiz julgará o seu povo.
Fim."

Profecia, final apocalíptico, todo mundo sabe o que esperar, né?

Eu fiquei segurando, remoendo escrever algo sobre porque eu gostaria de viver para ver essa profecia se concretizando... mas para que? Para ficar repetindo as atrocidades cometidas por essa instituição? Caça às bruxas, endosso de escravidão, patrocínio de guerras, acordos militares com nazistas, fascistas  acumulo de riquezas as custas da fé inocente, racismo, homofobia, pedofilia... oras, a essas alturas isso são obviedades triviais, ninguém mais se escandaliza
Então não vamos perder nem o meu e nem o seu tempo com isso.

Que chegue logo o "Fim".

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Maleita

Maleita

Podem papel e metal fazerem a desfeita
De unirem o que a carne suspeita
E a alma rejeita?

F.
BULA:
Maleita

Do latim: maledicta. É sinônimo de malária ou sezonismo. A princípio o nome do poema não parece ser dos mais ajustados, mas a maleita se caracteriza por calafrios febre intermitente. Febre, por sua vez, leva ao delírio. Maledicta. Liguem os pontos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

(ossevA oA) aixetaC

(ossevA oA) aixetaC

radna que met opmet o séver eD
icehnoc et oãn euq me aid o étA
rajesed oãn étA

F.
BULA:

Catexia

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Hommage Classique - Ousadias (6)

Hommage Classique - Sonetrix II

[E]fêmera, enalteces o ardor doentio
[Ter]juras incendiar-se nua em sangria
[Na] fervura, em fulgor - desvario

[Fa]leces, intoxicando ao rito:
[Tal] qual Medeia intentou a Teseu
[Mente] a si fatal desfecho ao mito

[E]terna amada, como podes ser
[Fe]liz sendo esbraseante e fria?
[Mera] ilusão de ganhar-me em se perder

[Fa]talmente verás que um dia tive
[Le]al ternura e devoção ao seu
[Ce]go amor que da nossa morte vive

F.
BULA:


Mais um Sonetrix. Hommage Classique faz referência ao tom dos sonetos clássicos, apesar de que jamais teria a coragem de comparar este sonetrix ao mais simplório dos sonetos já escrito. Isto nada mais é do que uma homenagem a grandeza clássica que eu jamais irei alcançar

O esquema formal é similar ao Sonetrix I:

[E]fêmera
[Ter]
[Na]

[Fa]leces
[Tal]
[Mente]

[E]terna
[Fe]
[Mera]

[Fa]talmente
[Le]
[Ce]


Ps: O Sonetrix II é anterior ao Sonetrix I. Nem tudo (ou quase nada) que é publicado segue uma ordem cronológica; antes disso, seguem uma ordem de necessidade.

domingo, 6 de janeiro de 2013

A Pele Que Habito

A Pele Que Habito

Pairo na pele
No colo, no suor dos teus poros
Teu néctar - meu ópio - te imploro

F.
BULA:
A Pele Que Habito

Filme de Almodovar. As semelhanças terminam no título. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

...1!

...1!

Desejo primo: estreitar o laço
E de compasso - a dois
Acertar o passo

F.
BULA:
Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor.

Carlos Drummond De Andrade

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

10, 9, 8...

10, 9, 8...

Olhos cerrados - perdido 
Na escuridão - suspenso
O pedido - entre mundos de tempo - espera

F. 
BULA:

"É preciso que nos encontremos diante do amor como as árvores fêmeas cuja raiz é a mesma e se perde na terra profana.

É preciso... a tristeza está no fundo de todos os sentimentos como a lágrima no fundo de todos os olhos.

Sejamos graves e prodigiosos, ó minha amada, e sejamos também irmãos e amigos
É preciso que levemos diante de nós o retrato das nossas almas como se fôssemos a um tempo a Verônica e o Crucificado.

Eu sou o eterno homem e hoje que a dor fecunda o tempo eu sinto mais que nunca a vontade de fechar os braços sobre a minha miséria

Fiquemos como duas crianças pensativas sentadas numa escada - todos serão os peregrinos e apenas nós os contemplados."

Poema De Ano-Novo
Vinicius De Moraes

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Joie De Vivre

Joie De Vivre

Mon joie de vivre
Livre - por acidente
Deixou o presente e vive - joia p'ra vida

F.
BULA:
Presente

1 O tempo presente; o tempo atual. 

2 Diz-se da pessoa ou coisa que está num dado momento diante dos olhos.

3 Brinde, dádiva, mimo, oferenda, oferta.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Conte De Fées

Conte De Fées
(a Guga)

Falsa donzela - fato
Por um prato piranhou um trato
Deu rasteira em cobra - virou príncipe em sapo

F.
BULA:


Uma homenagem do amigo fiel, Guga, detentor de uma sabedoria imensurável sobre a arte da piranhagemSe todos tivessem uma amigo assim a piranhagem estaria com os seus dias contados.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Tristesse Contemporaine

Tristesse Contemporaine

Triste é a lonjura dura e fria
Triz que não finda e tarda a trilha
Trinca a memória da tez outrora minha

F.
BULA:
Tristesse
Maria Rita

Como você pode pedir
Pra eu falar do nosso amor
Que foi tão forte e ainda é
Mas cada um se foi

Quanta saudade brilha em mim
Se cada sonho é seu
Virou história em sua vida
Mas prá mim não morreu

Lembra, lembra, lembra, cada instante que passou
De cada perigo, da audácia do temor
Que sobrevivemos que cobrimos de emoção
Volta a pensar então

Sinto, penso, espero, fico tenso toda vez
Que nos encontramos, nos olhamos sem viver
Pára de fingir que não sou parte do seu mundo
Volta a pensar então

sábado, 22 de dezembro de 2012

O Amor É Instagrã

O Amor É Instagrã
(à Zeza)

Coração estragado 
#partiu! pro instagrã
Subiu - ao ar - vazio #vidaputa!

F.
BULA:
O Amor É Instagrã

Título para um álbum de fotos. "Instagrã" e "#vidaputa" são termos cunhados por Zeza. Adoro o senso de humor dessa moça.

Ps: deve ser lido com o sotaque de Soterópolis - o de verdade, não o global.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Mundo - Que Se Acabe!

O Mundo - Que Se Acabe!

Um beijo apocalipse ela jaz
10 mil megatons³ e 'inda mais
Bombardeia meus lábios - ah! que me exploda!

F.
 BULA:
Megaton

Unidade que serve para avaliar o poder de um projétil nuclear comparando-se a energia produzida pela explosão desse projétil com a energia produzida pela explosão de um milhão de toneladas de trinitrotolueno [TNT]. A quantidade necessária para varrer a vida na terra é de aproximadamente 780 megatons

10 mil megatons³ = 10 mil x 10 mil x 10 mil = 1 milhão de megatons

Ela tem poder de fogo de sobra.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ao Poeta

Ao Poeta

Nem tudo é dor ou tormenta...
Isso a gente inventa!
Há coisas leves - como balinhas - beijinhos de hortelã

F.
BULA:

É fácil escrever sobre dor. É fácil usar da catarse para agarrar o leitor. Difícil mesmo é desenhar um sorriso doce no coração alheio.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mus[ic]a Das [Es]feras

Mus[ic]a Das [Es]feras

Fera dominante... 
Em círculos tenciono resolver
Ah! musa fascinante - o último repouso em ser

F.
BULA:
Mus[ic]a das [es]feras

Poetrix musical. Cada verso faz alusão à termos oriundos da teoria musical, e a poesia como um todo à Música das Esferas.

"Fera dominante..."
Dominante: V grau da escala musical - como acorde tem a função de tensionar, conduzir em direção a resolução.

"Em círculos"
Círculo de quintas:

"...tenciono resolver"
Novamente o jogo de tensão e resolução entre Dominante e Tônica.

"Ah! musa fascinante"
Musas - Eram nove, filhas de Zeus. A palavra "música" tem origem no grego, "musiké téchne", que significa "a arte das musas".

"o último repouso em ser"
É onde finalmente a Dominante encontra a sua Tônica e por fim repousa, suspende-se a tensão.

"Música das Esferas"
Assunto que começa em Pitágoras, passa por Platão, Sócrates, Kepler e tá ai até os dias de hoje. Aqui vão algumas sugestões de leitura: