Eu nunca soube de toda a sua história.
Nunca soube se, quando filhotinho, tinha uma criança com quem brincar de correr.
Ou um colo quente, de mãe amorosa, para dormir depois da janta.
Ou se viveu só, vagando em telhados.
Lastimoso, faminto, porém aristrocático,
Em um dia de chuva te resgatei de um destes telhados.
E em todos os outros dias fui eu quem, pela tua generosidade, foi resgatado.
E assim, soube que em ti morava um amor desinteressado - que sequer parecia real.
E não é todo amor, amor real, genuinamente desinteressado?
A sabedoria imersa em teus olhos sabia a resposta.
A sabedoria imersa em teus olhos sabia a resposta.
Tenho saudades dos nossos longos diálogos felinos
Repletos de gratidão, sorrisos íntimos,
E silêncios sagrados.
Você, como ninguém, sabe da minha repulsa por embustes metafísicos...
Mas sabe também que, onde estiver, o levo comigo.
Meu amigo gris, meu filho.
Meu amigo gris, meu filho.
F.