quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Lucius

Lucius

Eu nunca soube de toda a sua história.

Nunca soube se, quando filhotinho, tinha uma criança com quem brincar de correr.
Ou um colo quente, de mãe amorosa, para dormir depois da janta.
Ou se viveu só, vagando em telhados.

Lastimoso, faminto, porém aristrocático,
Em um dia de chuva te resgatei de um destes telhados.
E em todos os outros dias fui eu quem, pela tua generosidade, foi resgatado.

E assim, soube que em ti morava um amor desinteressado - que sequer parecia real.
E não é todo amor, amor real, genuinamente desinteressado?
A sabedoria imersa em teus olhos sabia a resposta.

Tenho saudades dos nossos longos diálogos felinos 
Repletos de gratidão, sorrisos íntimos, 
E silêncios sagrados.

Você, como ninguém, sabe da minha repulsa por embustes metafísicos...
Mas sabe também que, onde estiver, o levo comigo.
Meu amigo gris, meu filho.

F.

domingo, 18 de setembro de 2016

nudes - Ousadias (9)

nudes
(à Hell)

Sete segundos
E um suspiro profundo:
É esse o tempo que dura o paraíso

De longos dedos
E vales, lascivamente delicados 
Que ocultam desejos desavergonhados

Mas as pernas, esguias e libidinosas
Novamente, entrelaçam
outros galhos

And you, you could be mean
And I, I’ll drink all the time

E o meu coração, felino
Nu, em tercetos
Sem sentido

Sente o corpo pulsar violento
passado, volvendo
 Em adágio

But 
I’m affraid
We’re not gonna happen

I, I wish you could swim
Like the dolphins, like dolphins can swim
(...)
We could steal time, just for one day
We can be heroes, for ever and ever
(...)
What’d you say? 

F.


BULA:


domingo, 19 de outubro de 2014

Vestígio Matutino

Vestígio Matutino

Por um tanto que dura um sonho
Ela brincava: deleite e farra
Deliciando lembranças

F.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Chegadas e Partidas

Chegadas e Partidas 

É chão, é céu, é mar
Ela vai, ela vem, ela fica
Eu vôo: na contramão, na mão

F. 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Praesagium

Praesagium

...e todo passado que sentes por mim é presságio:
Reminiscências - destino vind'ouro
Volvendo em adágio

F.
BULA:
Presságio

Do latim: Praesagium
1) Pressentimento, previsão, prognóstico, vaticínio. 
2) Fato ou sinal por que se adivinha o futuro. 
3) Conjetura que se tira de um fato ou sinal. 
4) Agouro.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Praeambulum

Praeambulum

Perambula em princípio
Flana, rodeia o precipício
Feito alma, vaga ,amarga o velho vício

F.
BULA:
Preâmbulo

Do latim: Praeambulum
1) Que caminha na frente; que precede
2) (Derivação: por extensão de sentido) palavreado vago que não vai diretamente ao fato

terça-feira, 17 de junho de 2014

Praeludium

Praeludium

Perambulando - lúdico
O lúcido presságio - vem
Em tempo - transíto em fim

F.
BULA:
Prelúdio

Do latim: Praeludium
1) Exercício preliminar; primeiro passo para um certo desfecho. 
2) Peça musical, escrita ou improvisada, que serve de introdução a uma composição vocal ou instrumental.
3) O que precede; o que anuncia.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

El Veneno Que Nunca Me Dejo

El Veneno Que Nunca Me Dejo

Corre en la vena resbalando
Hecho cuchillo en la carne
Cortame - y vivo.

F.
BULA:
"Odeio as almas estreitas, 
sem bálsamo e sem veneno, 
feitas sem nada de bondade 
e sem nada de maldade."

Friedrich Nietzsche

terça-feira, 13 de maio de 2014

Soledad - Ousadias (8)

Soledad
(à Bunny)

Soledad
Entorpece
Una niña cariñosa
Que abriga la risa
Las lágrimas y deseos
De los siglos que fueron
Y que vendrán
Así, sin más
Ni más

Cerrada
En si misma
Bailando oscuridad
Disipanse los sueños todos
En nubes de irreparable desengaño
Y por no saber calmar el dolor
El alma en ella falla
Así, sin más
Ni más

Por la prisa de amar
Se queda triste y sola!
- Alba sin luna...

Por la afliccíon de reconocerse
Rabiosa mira a todos en la cara!
- Angel sin rostro...

Por el anhelo de sentirse
Tranquila hiere la carne blanca!
- Cuerpo sin alma...

Cada dia
Una batalla
- Si no luchas, no logras sobrevivir...

“Si veíste tu reflejo con mis ojos, querida mía, ya no existiría soledad”

Y por pesar se va
Así, sin más
Ni más

Por no saber calmar

F.
BULA:
Soledad - Astor Piazzolla

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Chore-me Um Rio - Ousadias (7)

Chore-me Um Rio

Uma languida lágrima escorre
E junta a outras mil que meu pranto tece
Feito rio buscando o mar ao sul morre
E junta a outras mil de amores padece

Feito prece pra que ela não demore
Ligeira, maças abaixo outra verte
Flui a distância do rosto que sofre
Amarga a lonjura que ainda cresce

Quantas lágrimas terei de chorar
Sobre o tempo que vazou em saudade
Secou - encheu de vazio o amar?

Now you say you love me
Well (just to prove you do) cry me a river
 'Cause I cried a river over you

F.
BULA:
Julie London
Cry Me A River

Now you say you're lonely
You cry the whole night through
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
Now you say you're sorry
For bein' so untrue
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
You drove me, nearly drove me out of my head
While you never shed a tear
Remember, I remember all that you said
Told me love was too plebeian
Told me you were through with me and
Now you say you love me
Well, just to prove you do
Come on and cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you

sábado, 29 de março de 2014

The Un-Dead

The Un-Dead

Like a crawling ghost she comes freezing
Through the feelings fog whispering
Just to remind me:

- We're not gonna happen.

F.
BULA:

An undead is a being in mythology, legend or fiction that is deceased but yet behaves as if alive. A common example is a corpse re-animated by supernatural forces by the application of the deceased's own life force or that of another being (such as a demon). Undead may be incorporeal like ghosts, or corporeal like ghouls, vampires and zombies. 
...
Bram Stoker considered using the title The Un-Dead for his novel Dracula (1897), and use of the term in the novel is mostly responsible for the modern sense of the word. 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Al Aire (à Paco de Lucía)

Al Aire
(à Paco de Lucía)

Al aire las cuerdas bailan: sinsabor
Vibran un lloroso tiento
En el cielo andaluz

F.
BULA:
Hasta siempre, Paco, hasta siempre.


La guitarra
Federico Garcia Lorca

Empieza el llanto 
de la guitarra. 
Se rompen las copas de la madrugada. 
Empieza el llanto de la guitarra. 
Es inútil callarla. 
Es imposible callarla. 
Llora monótona 
como llora el agua, 
como llora el viento 
sobre la nevada. 
Es imposible callarla. 
Llora por cosas 
lejanas. 
Arena del Sur caliente 
que pide camelias blancas. 
Llora flecha sin blanco, 
la tarde sin mañana, 
y el primer pájaro muerto 
sobre la rama. 
!Oh guitarra! 
Corazón malherido 
por cinco espadas. 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

De Aluguel - Bipolateralidades (2)

De Aluguel 
(à Felipe Rey)

Sangue nozóio....................Lumia a vela
Risca a faca.......................Por sete dias
Rasga degola mata...............E ora perdão

F.
BULA:
Bipolaridades

A intenção da série Bipolaridades é oferecer outras possibilidades de  leitura dentro de um mesmo poetrix. Uma experiência formal. 

Sangue nozóio
Risca a faca
Rasga degola mata

Lumia a vela
Por sete dias
E ora perdão

Sangue  nozóio: Lumia a vela
Risca a faca Por sete dias
Rasga degola mata E ora perdão


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

¡Hasta Siempre! [Muerta-ɐʌıɅ] Bipolaridades (3)

¡Hasta Siempre! [Muerta-ɐʌıɅ] 

Si lo digo                           ǝɹdɯǝıs ɐʇsɐɥ
Y estás viva                      ˙˙˙ɐıɯ ɐpɐɯɐ
¿Que significa?     ıɯ ɐɹɐd ɐʇɹǝnɯ áʇsǝ ǝnb

F.
BULA:
Bipolaridades

A intenção da série Bipolaridades é oferecer outras possibilidades de  leitura dentro de um mesmo poetrix. Uma experiência formal. 

Si lo digo que está muerta para mi
Y estás viva amada mia...
¿Que significa? hasta siempre


"La expresión hasta siempre es un forma de despedirse que se usa en situaciones en las que no volveremos a ver más a esa persona o personas.
Aún así no debe de interpretarse de forma negativa ya es una expresión que conlleva el hecho de que, aunque no físicamente, siempre se va a estar juntos como un bonito recuerdo."

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Como Disseram Os Búzios

Como Disseram Os Búzios (O Destino De Oxóssi)

[Exu]dó el sangre del cuerpo...
Oxum sangria segue a trilha
Oxóssi imune à morte: azedume vida

F.
BULA:


Eu...             ...Ela
Na vida é como uns dizem:
Santo de casa não faz milagres
E assim termina, sem vida, 
Oxóssi sem sua Oxum,
Oxum sem Xangô,
E sem amor,
Todos
Nós

______________________________________________________________

Oxóssi

Minotauro Cabloco

Como Disseram Os Búzios

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Stardust

Stardust

Love and hope
And dreams of second chances
All vanished with an unspoken end

F.
BULA:

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Adiós, Quixote

Adiós, Quixote

...y aquel sueño dorado y dulce, Dulcinea
Aquel cuento de hadas, tan real
De tan real murió

F.
BULA:

"No final de uma caçada às lebres, ele sentiu-se exausto. Pediu que o levassem ao leito.
Dom Quixote percebeu a presença da morte. Logo os amigos chamaram um médico que, pegando-lhe o pulso, recomendou com a rude franqueza dos castelhanos que tratasse de salvar a alma, porque o corpo era de pouca valia."

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Soterrada

Soterrada

Aterrada em rotina
Sobrepesam aos ombros ruínas:
Escombros de vida - entulhos de si

F.
BULA:
Radiohead
No Surprises

A heart that's full up like a landfill
A job that slowly kills you
Bruises that won't heal

You look so tired and unhappy
Bring down the government
They don't, they don't speak for us
I'll take a quiet life
A handshake of carbon monoxide

No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
Silent, silent

This is my final fit, my final bellyache with

No alarms and no surprises
No alarms and no surprises
No alarms and no surprises please

Such a pretty house, such a pretty garden

No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises (let me out of here)
No alarms and no surprises please (let me out of here)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

De Boca Vazia

De Boca Vazia

Famintas as juras: cruas
Promessas sem data em aniversários
Sem cartões - penúria - miguando palavras

F.
BULA:
Soneto de Amor XI

Tenho fome da tua boca.. da tua voz..de teus cabelos..
E pelas ruas vou... sem comer... calado...
Não me sustenta o pão...a aurora me desequilibra...
Busco no dia o som límpido dos teus pés...

Estou faminto de teu riso resvalado..
Das tuas mãos cor de furioso celeiro,
Tenho fome da pálida pedra das tuas unhas,
Quero comer a tua pele como uma intacta amêndoa...

Quero comer o raio queimado em tua beleza,
O nariz soberano  do rosto altivo...
Quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas..

E faminto venho e vou olfateando o crepúsculo..
À tua procura... buscando teu coração ardente...
Como um puma na solidão de Quitratúe....

Pablo Neruda

quarta-feira, 6 de março de 2013

Desabitado ♥

Desabitado 

   Te vais...................... e ..................Leva consigo
   Pra sempre............... o ..................Seu pedaço
   Um vazio............. ..................De mim

F.
BULA:
"O vazio é um meio de transporte
Pra quem tem coração cheio
Cheio de vazios que transbordam
Seus sentidos pelo meio
Meio que circunda o infinito
Tão bonito de tão feio
Feio que ensina e que termina
Começando outro passeio

E lá do outro lado do céu
Alguém derrama num papel
Novos poemas de amor

Amor é o nome que se dá
Quando se percebe o olhar alheio
Alheio a tudo que não for
Aquilo que está dentro do teu seio
Porque seio é o alimento
E ao mesmo tempo a fonte para o desbloqueio
E desbloqueio é quando aquele tal vazio
Se transforma em amor que veio

Lá do outro lado do céu
Alguém derrama num papel
Novos poemas de amor

O vazio é um meio de transporte
Pra quem tem coração cheio"

Cheio de Vazio
Paulinho Moska

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Amor [De] Concreto

Amor [De] Concreto

Sai desse cinza tão concreto
Vem - pra perto - cai dentro!
Vem - pro peito - Porto certo

F.
BULA:
Criolo
Não Existe Amor Em SP

Não existe amor em SP
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro duas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus

[Sim, isso é um convite - o amor é importante, porra]